Figureiros |
Os Figureiros se auto-intitulam como artistas populares do Vale do Paraíba que recriam com barro (cru) figuras e cenas do seu dia a dia, ou do seu imaginário. Arte resultante não de aprendizado sistemático ou ensinamentos especiais, mas de uma tradição, da curiosidade ou das experiências pessoais do próprio artista.De suas mãos hábeis, vão surgindo figurinhas que retratam aspectos do povo, animais, crendices e tradicionais festas populares. A habilidade na modelagem da argila parece ser no Vale do Paraíba mais uma herança portuguesa do que indígena ou do negro. Taubaté está entre as poucas cidades brasileiras que ainda preservam essa tradição. O pavão figura bastante tradicional na arte figurativa local, ficou sendo o símbolo do Folclore de Taubaté, e posteriormente através de um concurso promovido pela SUTACO venceu na categoria sendo hoje considerado o Símbolo do Artesanato Paulista. A arte de moldar figuras é uma antiga tradição em Taubaté e já virou referência na região, e a arte possui mais de um século e meio de tradição A tradição das Figureiras teve início há mais de 150 anos, com o trabalho de D. Maria da Conceição Frutuoso Barbosa. D. Maria da Conceição era faxineira no Convento de Santa Clara, em Taubaté, quando se ofereceu para restaurar a imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, que encontrou guardada lá, para isso buscava no rio Itaim a argila que utilizou para restaurar a imagem, como sofria de uma paralisia nas mãos, amarrava ferramentas nos punhos e usava a língua para concluir o trabalho. Também com argila, D. Maria da Conceição copiou um presépio vindo da Europa, o que encantou os membros da Igreja e também a população da cidade. Logo, várias pessoas aprenderam a arte com a restauradora. Quem fazia apenas os animais do presépio, ficou conhecido como “Figureiro”. A arte é reconhecida por figuras típicas dos presépios, como ovelhas, bois e galinhas. Criamos perspectivas: Em 2009 iniciamos as atividades como Ponto de Cultura Modelando Tradições - Figureiros de Taubaté, em virtude de ter sido contemplada via Edital Público Estadual em convenio junto ao Ministério da Cultura. Baseado na pesquisa embrionária sobre a Tradição Figureira da professora e curadora de arte Lani Goeldi, que na época detectou que os artesãos que compunham a Associação da Casa do Figureiro na sua maioria com mais de 40 anos, detentores das heranças ancestrais, de uma das mais significativas manifestações artísticas taubateanas, que até suas gerações vinham sendo repassadas de mãe para filhos, constatou-se que nem 10% de seus descendentes exerciam este tipo de trabalho. Muitos por não terem interesse em aprender, outros por se dedicarem aos estudos e entrarem no mercado de trabalho formal muito mais cedo e outros ainda por acharem que os recursos tecnológicos são capazes de recriar objetos bem mais interessantes. Assim, os Figureiros (na sua maioria do sexo feminino), vinculados a Casa do Figureiro, não se reciclavam, não ministravam oficinas e muito menos criavam multiplicadores para sua arte, caminhando assim para um futuro sem perspectivas produtivas. Além disso, muitos outros Figureiros já não mais pertenciam a Casa e optaram ou por trabalharem em suas próprias casas, ou ainda acabaram por deixar este oficio em segundo plano, já que não eram vistos como Figureiros somente por não pertencerem ao pequeno grupo. |